quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sim vocês podem!

Mulheres felizes somos nós que podemos hoje falar de poder!
Não um poder frio e inútil, mas o poder de existir.
E essa fala ficou tão chique na voz da nossa Presidenta Dilma.
Fico emocionada lembrando o quanto estivemos a mercê de uma sociedade machista e desumana por séculos.
Desde os primórdios fomos tratadas como seres sem inteligência e recebidas já com indiferença por parte dos pais que muitas vezes preferiam o filho homem.
Quase tudo foi negado a mulher.
Quando ela nascia com a desenvoltura dos fortes e com a vontade de fazer alguma coisa alem do seu tempo era massacrada literalmente.
E não somente pela sociedade masculina não gente! E sim pelas mulheres também coitadas que nem sabiam o que estavam fazendo com elas próprias.
Acontece que já nascidas com o brasão da incompetência a mulher ficava á disposição de todos os desmandos.
E era assim mesmo.
Bastava querer um pouco mais de justiça e isso ate em casa, um pouco de igualdade que vinha a família cair em cima literalmente daquela que ousava ao menos reclamar da situação.
Confortavelmente os homens seguiam cuidando de suas mulheres como se elas fossem inúteis e frágeis.
Lembro-me bem de um fato acontecido em minha cidade.
Passando pela rua, ouvi gemidos infinitos que doíam na alma e no coração. Eu era pequena e logo pensei: fantasma.
Eu sempre muito medrosa sai correndo para contar aos meus irmãos. Eram cinco em casa e eu era a primeira filha.
Bem, fomos pesquisar por nossa conta, levando paus, pedras e armadilhas para ver o que acontecia.
Cada um tinha uma opinião sobre os tais gemidos.
E fomos la, corajosos os seis e sabem o que encontramos?
- uma mulher acorrentada em meio a uma devastação. Não parecia uma casa e sim um lugar terrível.
Em nossa visão de criança era completamente assustadora a situação.
O pavor foi tão grande que saímos correndo e não tivemos outro jeito que contar a minha mãe o que vimos.
Bem gente, a minha mãe morrendo de medo, não deixou que contássemos a meu pai o acontecido e assim a mulher ficou presa la ate que o “dono dela” resolvesse tira-la do castigo.
Não havia o que fazer.
Não podíamos contar nada. Fez-se um segredo profundo.
Todos os vizinhos ouviam os gemidos e a historia ficou como se fossem fantasmas mesmo.
O tal direito do marido sobre a mulher era respeitado por todos.
Esse fato nunca saiu da minha memória.
O desejo de criança de ter outra profissão que não fosse somente professora era refutado com explicações esquisitas tais como: mulher que trabalha fora não casa, homem não gosta e ai gente o medo de ficar falada era uma tristeza.
E assim hoje, os tempos mudados, temos o prazer de escutar a nossa Presidenta dizer para todas as mães de meninas:
Sim você pode! E é com orgulho que falo com a minha neta: você pode!
E pode mesmo!
A luta continua porque falta muita coisa ainda para ser entendida.
Foram séculos de repressão e a mulher não esta sabendo ainda como agir. Vejo muitas perdidas entre o antes e o agora.
Mas conseguiremos! Com certeza!
A minha luta queridas mulheres e´pela igualdade! Não acredito em feminismo tanto quanto não acredito em machismo.
Jamais entendi porque essa sociedade arcaica não mirou em grandes civilizações como o Egito Antigo que respeitava as mulheres e os Celtas que também tinham suas mulheres com os mesmos direitos dos homens. Eram todas livres nas decisões.
Acredito em mudanças e acredito no homem e a mulher lado a lado.
É assim que eu gostaria de ver a sociedade de hoje: lutando pelas mesmas causas tão importantes como o combate a fome no mundo,
como a erradicação do anafalbetismo e o fim do domínio das grandes potencias mundiais.
Não sou sonhadora nem visionaria.
Acredito no ser humano. Acredito nas possibilidades de um mundo melhor para todos. Sem opressão!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Em busca da perfeição

Em busca da perfeição
Os tempos passam, mudanças acontecem, o mundo gira...Todos os dias novas descobertas surgem e diferentes caminhos se mostram para quem busca alargar os horizontes e ganhar qualidade de vida. Mas, há situações que ainda se mantém e embora se apresentem com embalagem moderna, repetem o mesmo conteúdo arcaico, rígido e preconceituoso. Um exemplo é o comportamento feminino que, apesar de ter passado por algumas transformações, continua repetindo velhos padrões.
Antigamente, as mulheres viviam reclusas ao lar envoltas em suas tarefas domésticas e cuidando dos filhos. A casa era o seu mundo, transformada em um ambiente bem cuidado, acolhedor e harmonioso para toda a família. Sem direito ao trabalho fora de casa e ao diploma universitário, elas tornavam-se as “rainhas do lar” e esmeravam-se na arte da culinária, do bordado, da costura e do recato. Isto bastava para serem aceitas na sociedade. A submissão era o que se esperava delas.
Foi só recentemente que as mulheres se emanciparam e puderam ingressar na universidade e no mercado de trabalho alcançando postos antes ocupados somente por homens e ainda receberam licença para votar. Esses ganhos proporcionaram independência e autonomia às mulheres do nosso tempo que se dão ao direito de fazer escolhas e de decidir o que mais lhes convém. Mas, será que esta liberdade é deveras real como se imagina?
Continuamente, pesquisas sobre a vida de milhares de mulheres de idades, profissões e classes sociais diversificadas, tem mostrado que, em sua maioria, o universo feminino anda com um nível altíssimo de exigências e expectativas. As mulheres de hoje querem tudo da vida: filhos, marido, carro, viagens, casa, carreira, corpo perfeito e tempo ilimitado para as grandes emoções, compras, aventuras e badalos da vida moderna.Tudo isso em grande estilo e perfeição, sem abrir mão de nada. Precisam ser magníficas em tudo. Mas, onde fica a paz, a alegria de viver e o encontro com a própria alma? Parece que estas mulheres precisam provar sua competência a qualquer preço para serem aceitas. Abdicam do seu poder feminino e da sua intuição e se colocam nas mãos de médicos, estilistas, padres, pastores, namorados, maridos e filhos a lhes ditar as regras de como deveriam ser e proceder. Perdidas, correm atrás de um modelo e não percebem que, cada uma de nós já tem na alma um modelo único. Continuam “belas adormecidas” apesar da modernidade que elas apregoam por aí. Essa busca pela perfeição e por uma vida irreal, sem limites e voltada apenas para o “ter”, está anestesiando a percepção dos seus dons, dos seus anseios mais profundos e das suas verdadeiras realizações e vitórias ao longo de suas trajetórias. Elas deixaram de existir e apenas “vivem”correndo daqui e dali, incógnitas e invisíveis para si mesmas.
Será que um dia essas mulheres serão realmente livres para então, viverem em paz consigo e com a sua real vocação? Renata de Melo Moreira